ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 28-6-2001.
Aos vinte e oito dias do mês de junho do ano dois
mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e dezenove minutos,
constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia do Panificador, nos
termos do Requerimento nº 027/01
(Processo nº 0526/01), de autoria do Vereador Ervino Besson. Compuseram a MESA:
o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor
Arildo Benech Oliveira, Presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e
Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado do Rio Grande do
Sul; o Senhor Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de
Porto Alegre; o Vereador Ervino Besson, 3º Secretário da Casa. A seguir, o
Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem o Hino
Nacional, executado pelo Coral Massolin de Fiori, sob a regência do Maestro Gil
de Rocca Sales e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Ervino Besson, em nome das Bancadas do
PDT, PSDB, PC do B, PSB e PL, registrou ser o dia oito de julho destinado a
homenagear os panificadores, ressaltando ser Santa Isabel a padroeira dessa
categoria e destacando a dedicação e a perseverança sempre demonstrados por
esses profissionais frente às adversidades inerentes aos seus empreendimentos.
O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, comentou aspectos
alusivos ao significado expresso pelo pão nas culturas judaico-cristãs,
salientando a essencialidade desse alimento na dieta dos brasileiros e
afirmando que a atividade econômica desenvolvida pelos panificadores gera
empregos diretos e indiretos e contribui para o desenvolvimento da sociedade. O
Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, prestou sua homenagem ao Dia do
Panificador, analisando aspectos atinentes à técnica e à arte presentes na
produção de pães, biscoitos e assemelhados e gizando a identidade existente
entre a atividade da panificação e o exercício do trabalho digno e honesto,
representado pela atividade cotidiana dos padeiros. O Vereador Cassiá Carpes,
em nome da Bancada do PTB, ao analisar a relação existente entre os conceitos
de "capital" e "trabalho" presentes na doutrina política
trabalhista, parabenizou os trabalhadores da indústria e do comércio panificador
pelo transcurso do seu dia, cumprimentando o Vereador Ervino Besson pela
iniciativa em propor a presente solenidade. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome
da Bancada do PFL, destacou a luta empreendida pelos profissionais panificadores
no sentido de obter melhores condições
técnicas para produzir e comercializar seus artigos, salientando que a
indústria da panificação é uma das maiores atividades econômicas brasileiras e
abordando dados alusivos
à carga tributária atualmente aplicada aos seus
produtos. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB, externou sua
alegria em participar da presente solenidade, referindo-se à antigüidade da
presença do pão na alimentação humana e referindo-se à evolução das técnicas de
panificação e confeitaria, dos tempos bíblicos até os dias atuais, o que
resultou em alimentos mais saudáveis e nutritivos. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Arildo
Benech Oliveira, que agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo
ao Dia do Panificador. Em continuidade, o Senhor Arildo Benech Oliveira
procedeu à entrega, ao Senhor Daniel Moreno Coelho, do prêmio "Panificador
do Ano de Porto Alegre". Após, o Senhor Presidente convidou os presentes
para, em pé, ouvirem o Hino Rio-Grandense, executado pelo Coral Massolin de
Fiori, sob a regência do Maestro Gil de Rocca Sales e, nada mais havendo a
tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às
vinte horas e dezenove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo
Vereador Fernando Záchia e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que
eu, Ervino Besson, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª
Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): Estão
abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear os
panificadores.
Compõem a Mesa o Presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação
e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado do Rio Grande do
Sul, Sr. Arildo Benech Oliveira, e o Presidente do Conselho de Cidadãos
Honorários de Porto Alegre, Dr. Telmo Kruse.
Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional,
interpretado pelo Coral Massolin de Fiori, regido pelo Maestro Gil de Roca
Sales.
(Procede-se a apresentação do Coral
Massolin de Fiori, que interpreta o Hino Nacional.)
Queremos cumprimentar o Ver. Ervino Besson pela iniciativa, sem dúvida
alguma extremamente justa, porque trata-se dos panificadores, que são em torno
de um mil e oitocentos somente na Cidade de Porto Alegre, responsáveis por dez
mil empregos diretos e que fazem o alimento mais antigo e mais nobre que temos.
É importante registrar a homenagem proposta por V. Ex.ª, Ver. Ervino Besson,
que, sem dúvida alguma, engrandece esta Casa, este Parlamento.
O Ver. Ervino Besson, está com
a palavra para falar pelas Bancadas do PDT,
PSDB, PC do B, PSB e PL.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores; Presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Massas Alimentícias e
Biscoitos no Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Arildo Benech Oliveira;
Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários, Dr. Telmo Kruse; demais
autoridades presentes; senhores da imprensa; senhoras e senhores.
Oito de julho é o Dia do Panificador.
Oito de julho é o Dia de Santa Isabel, protetora dessa valorosa categoria. O
Dia do Panificador é um momento de homenagem e reconhecimento por tudo aquilo
que o panificador representa em nossa sociedade, desde o idealismo e a
obstinação dos pequenos empreendedores até a preocupação com o bem-estar de
cada cliente. Este é um momento significativo, no qual a importância do segmento
panaderil vem à tona através do
reconhecimento deste Vereador, que propôs esta homenagem, e desta Câmara, que
acolheu por unanimidade, além dos fornecedores, que têm, na panificação,
considerável parcela de seus negócios e de seus amigos. Ao longo dos anos,
essas amizades, que existem desde muito antes da expressão “parceria” virar
moda, sempre foram a base do relacionamento entre panificadores e seus fornecedores, como entre panificadores
e sua clientela diária. Um grande exemplo é a caderneta de fiado, que hoje
sobrevive ao computador e é uma prova da confiança e do companheirismo sobre o
qual a panificação foi edificada.
Por isso, sinto orgulho, neste momento,
de poder estar homenageando uma categoria da qual fiz parte por longo período
de minha existência. Ainda hoje me considero um panificador. Sinto orgulho em
dizer que somos os primeiros a abrir as portas a cada dia, dando os primeiros
sinais de que a vida continua e mais um dia está prestes a nascer. Sinto
orgulho porque nós, panificadores, podemos oferecer, com dedicação, os produtos
mais variados e feitos com carinho para atender um dos direitos mais sagrados
do ser humano, que é o direito de comer, beber e escolher coisas novas para
levar para casa. Sinto orgulho em saber da satisfação dos clientes das
panificadoras quando levam para as suas casas um produto novo, que foi criado e
colocado à sua disposição, para que a família toda, em volta da mesa, constitua
um dos maiores patrimônios da humanidade: a união e a conversa entre pais e
filhos. No entanto, senhores, todo dia é igual em uma panificadora: há cliente
que entra; há cliente que sai; há telefonemas para fornecedores; há funcionário
atrasado; há um equipamento com problema; há preços que sobem; há preços que
descem; matéria-prima que chega trocada. E há, também, fornada de pão que não
dá certo - de quem é a culpa, dessa vez? Padaria também tem sócio; tem ida ao
banco; tem luminoso que pisca, quando deveria estar aceso, e que fica aceso,
quando deveria piscar - vocês já repararam nisso? Há cliente antigo que quer
conversar bem na hora em que você tem, simplesmente, tudo para fazer. Estou
vendo o sorriso dos meus queridos panificadores, porque isso acontece nas
panificadoras. Há uma encomenda de doces e salgados para ontem, ou uma encomenda
de última hora. Em compensação... há receita nova que é um sucesso; há elogios
inesperados, e sempre há solução para tudo. O dia-a-dia de um panificador,
senhor, pode até ser estressante - e o é -, mas, sem dúvida, a panificação é
uma das mais apaixonantes atividades existentes, porque o produto é desejado,
há procura e reconhecimento, e o local de trabalho permite ver gente de todo o
tipo. O empreendimento é, ao mesmo tempo, uma indústria e uma loja. O
panificador faz as vezes de gerente administrativo, gerente financeiro, gerente
de marketing, gerente de recursos
humanos, comprador, almoxarifado, relações públicas, encarregado de manutenção,
office-boy e tudo o mais que se
fizer necessário, pois a estrutura é
pequena e o tempo para cumprir essa tarefa parece que é menor ainda.
Saibam, senhores, que no dia comum de um
panificador tem de haver tempo para fazer tudo, até para sonhar, para
recuperar as forças e para criar soluções.
Sendo assim, panificador é aquele
profissional que precisa a cada dia repensar, reinventar o pão, um dos mais
antigos e abençoados alimentos, tornando-o sempre atraente, desejado e
surpreendentemente saboroso. Haja criatividade!
Senhores, há uma certa cumplicidade
indecifrável entre o panificador e sua empresa, da mesma forma que um punhado
de farinha com água, sal, fermento e melhorador se transformam em pão, e assim
como o pão combina com qualquer coisa.
Por incrível que pareça, senhores, apesar
de tantos inconvenientes, poucos trocariam de ramo, porque há um certo prazer,
que se renova a cada fornada de pão, a cada cliente que entra na loja e que faz
com que toda essa correria passe despercebida.
Afinal, todo o dia tem de haver pão;
então todo o dia é Dia do Panificador.
Por isso, senhores, a panificação -
juntamente com seus envolvidos - sempre foi associada a gente que preza o
trabalho e a família.
E, nesta data, este Vereador quer homenagear todos os panificadores da
nossa Cidade, do nosso Estado, do nosso Brasil, não apenas pela sua importância
econômica, que é inegável, mas - quero ressaltar - pelos valores de dedicação e
carinho que os panificadores têm passado de geração para geração. Que esses
valores consigam se alastrar por todo o nosso País, trazendo novos horizontes e
novas esperanças.
Encerro, Sr. Presidente, homenageando o Presidente do Sindicato dos
Panificadores Sr. Arildo Benech Oliveira e a sua diretoria, estendendo esta
saudação a todos os familiares da panificação. Que Deus dê muita paz, muita
saúde para todos. Recebam meu fraterno e carinhoso abraço. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, pela Bancada do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da mesa e demais presentes.) De todos os
alimentos, o pão é, além de o mais universal, o de simbologia mais forte.
Já o Antigo Testamento nos dá inúmeros exemplos de reis que, para
demonstrarem hospitalidade a seus visitantes, ofereciam-lhes, como alimento,
pão e vinho.
E o Novo Testamento tem pelo menos duas passagens belíssimas, em que o
pão recebe consideração especial.
A primeira é aquela em que Cristo, ensinando aos apóstolos a oração
fundamental, o “Pai Nosso”, recomenda que façam o pedido do
“pão-nosso-de-cada-dia”, dando ao pão o significado polivalente de alimento e
de todas as condições regeneradoras da integridade física e espiritual do ser
humano, a serem obtidos na normalidade da vida, pela procura e pela conquista.
E a segunda, de conteúdo ainda mais profundo e mais belo, é o da
instituição da Eucaristia, quando Cristo, generosamente, faz do pão o Seu
próprio corpo, transubstanciado, mistério da fé, incompreensível à razão
humana, que dá ao pão a nobreza maior que qualquer outro alimento poderia
alcançar.
Ao afirmar “Eu sou o pão da vida”, Cristo usou de uma metáfora que
seria compreensível mesmo pelas mais simples das pessoas, pois, ao reconhecerem
no pão o melhor dos alimentos para o corpo, haveriam de entender que Ele, o
Cristo, como o melhor dos alimentos para a vida.
Hoje, no dia-a-dia, “ganhar o pão” significa para o homem obter
resultados satisfatórios do seu trabalho.
E não há quem possa contrariar a afirmativa de que o pão é o alimento
por excelência a que a nenhuma família poderia faltar.
Além disso, sendo barato, o pão é talvez o mais acessível e o mais
disputado de todos os alimentos.
Bendito pois, o panificador é uma pessoa igual a qualquer um de nós,
tendo todos os problemas empresariais que qualquer empresa tem, com quase
sempre uma estrutura mínima para funcionar, precisando levantar bem mais cedo
do que a maioria e, apesar de tudo, jamais podendo falhar, dada a
essencialidade de seu produto.
Bendito o panificador, na maior parte das vezes um pequeno empresário,
que tem sabido adaptar-se às exigências cada vez mais sofisticadas dos
consumidores e que tem, contínua e renovadamente, incorporado a seu acervo
organizacional as modernas tecnologias de produção, para oferecer-nos ao
consumo o pão quentinho e gostoso que saboreamos diariamente.
Bendito, enfim, esse obstinado e incansável empresário, que faz frente
a todas as dificuldades que o mercado e suas contingências conjunturais lhe
colocam, e, ainda assim, persevera na perseguição de seus ideais e objetivos,
enquanto, ao largo dos acontecimentos e obstáculos, fornece um produto
essencial, cria empregos, paga impostos, gera e multiplica riqueza, cumpre um
edificante papel social e contribui para a realização do bem comum.
Só em Porto Alegre, existem aproximadamente mil e oitocentas padarias,
gerando cerca doze mil empregos diretos. Por isso, em nome da Bancada do
Partido Progressista Brasileiro, à qual tenho a honra de pertencer, juntamente
com os Vereadores João Antonio Dib, Beto Moesch e Pedro Américo Leal,
cumprimento o prezado colega, Ver. Ervino Besson, pelo acerto de sua
iniciativa, ao propor a realização desta homenagem da Câmara Municipal aos
panificadores, cujo dia será comemorado no dia 8 de julho,
Aos panificadores o nosso agradecimento pelo importante mas quase
anônimo trabalho que realizam, e nossas palavras de incentivo, para que se
mantenham inabaláveis no empreender e no progredir, nesse tão especial segmento
de atividade que escolheram.
Parabéns aos panificadores pelo seu dia. Que Deus Nosso Senhor os
abençoe e os ilumine em seu trabalho. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): O
Ver. Adeli Sell está com a palavra, pela Bancada do PT.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho a honra de
falar em nome da minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores.
Quando vinha para cá, tentava pensar numa identificação para os
panificadores, e me veio a idéia da identificação do panificador com o
trabalho. É impossível desvincular a arte de fazer o pão, a arte de colocar
esse alimento fundamental na mesa das pessoas, sem nos lembrarmos do trabalho
que é necessário para fazer o pão de cada dia. Também posso identificar o
trabalho do panificador, da panificadora, com a formação, tão necessária nos
dias de hoje, em que a sociedade está tão carente de valores, em que falta
ética e conduta moral, pois é no pão na forma, é na estrutura de um bolo, é na
estrutura de qualquer doce que a gente verifica que é possível moldar. Hoje,
temos de moldar novos valores, resgatar velhos valores, e nada como se lembrar
do pão, que, com séculos e séculos de história, continua sendo o alimento vital
para cada um de nós. Assim também são os valores da solidariedade, os valores
da liberdade, da fraternidade das pessoas, entre os povos, na busca da paz.
Eu também posso identificar as panificadoras e os panificadores com o
sonho, até porque um dos produtos da sua indústria é o próprio sonho, aquele
sonho que se come. E, ao mesmo tempo, eu fico pensando, nos dias de hoje; olho
para o horizonte e quero sonhar como vocês todos, senhoras e senhores, com a
possibilidade de que o sonho se torne realidade, que qualquer menino ou menina
não fique mais na rua, mas possa entrar com 1 real no bolso e comprar um sonho,
um pão e que, nos dias de amanhã, por meio do nosso ganha-pão, que é sinônimo
de trabalho, possamos viver numa sociedade justa, igualitária, onde possamos
ter o pão-nosso-de-cada-dia. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): O
Ver. Cassiá Carpes está com a palavra e falará em nome Partido Trabalhista
Brasileiro.
O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Depois das
manifestações dos Vereadores, eu estava pensando no que representou o meu
Partido, o Partido Trabalhista Brasileiro, às classes operárias e aos
empresários.
Depois de tantas palavras bonitas e referências elogiosas ao
significado da categoria, o binômio capital e trabalho está constituído - mais
presente do que nunca - na doutrina do meu Partido, na doutrina de Getúlio
Vargas. Vocês significam esse binômio, que o meu Partido carrega, não excluindo
nunca, o empresário do trabalhador nem o trabalhador do empresário. O senhores
vocês conseguem, nessa categoria - que tem um significado importante - unir
isso que tanto nós defendemos: a união do capital com o trabalho, porque vocês
conseguem administrar o negócio, conseguem também administrar os seus
funcionários na maior harmonia, numa tarefa brilhante, entusiasmante, fazendo, com as suas mãos, um trabalho de arte, que
alimenta o povo com uma satisfação enorme.
Eu quero também agradecer e elogiar a atitude do colega Ver. Ervino Besson, com quem, apesar do pouco tempo de convívio, nós temos uma intimidade muito boa, fraterna, pela forma com que ele atua na Câmara.
Quero também estender, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro –
deste Líder, do Ver. Haroldo de Souza e do Ver. Elói Guimarães – a todos os
trabalhadores, a todos os familiares e proprietários, os parabéns, e dizer que
esta solenidade é importantíssima, porque o trabalho dos panificadores é, como
dissemos aqui, de levantar cedo. Imaginem, se nós formos, pela manhã, a uma
padaria, e ela estiver fechada, será um transtorno enorme, tal é a importância de vocês e dos familiares.
Sabemos nós também que, pela Constituição, as empresas caseiras devem ter... –
eu não tenho esse percentual –, mas eu tenho certeza de que terá uma
significativa importância porque lá estarão principalmente todos os familiares
sendo empresários e funcionários ao
mesmo tempo.
Para terminar, quero, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, dizer
que esta Casa se sente honrada, e o Partido Trabalhista também. Que nós
possamos ter uma confraternização nessa altura, desse grau, pelo significado
que tem essa categoria. Meus parabéns a todos, aos Vereadores, aos familiares,
aos proprietários, aos funcionários, ao proponente por essa belíssima
iniciativa, nosso colega Ver. Ervino Besson. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra pelo PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria, hoje,
de poder saudar a representação do Executivo Municipal, oportunidade em que
haveria de cobrar dele como pessoa indicada, meu caro Arildo, o cumprimento da
lei que inclui o pão no programa de suplementação alimentar e dá outras
providências. A Lei, no seu art. 4º,
prevê a sua regulamentação no prazo de 60 dias, amplamente transcorrido. Eu
tenho, com esse projeto - o Sadi sabe perfeitamente bem - um vínculo muito
profundo. Ele nasceu no meu gabinete numa ação conjunta com o então meu
assessor Luís Francisco Vieira e com os integrantes do Sindicato dos
Panificadores do Estado do Rio Grande do Sul. Nessa ocasião, eu tive acesso a
alguns documentos, especialmente num trabalho realizado por uma grande
nutricionista brasileira Marlise Potrick Stefani, Consultora Técnica em
Alimentação da UNICAMP, e eu, que só conhecia o pão na padaria, passei a
entender, daquele momento em diante, a sua importância como instrumento da
construção de uma saúde plena, especialmente das nossas crianças, dos nossos
filhos. A partir desse momento eu comecei a refletir. Quando garoto, com 6 ou 7
anos, eu tinha a tarefa, lá na minha Quaraí, de ser destacado a ir à padaria
mais próxima - e nós ficávamos a uma quadra das duas padarias então existentes
na cidade -, e ganhava como presente, nas oportunidades em que os meus deveres
escolares eram bem cumpridos, a possibilidade de, além do pão d’água, trazer
junto uma rosca, ao final da semana, como prêmio extra pela minha dedicação
escolar.
Até aquela época eu havia conhecido aqui em Porto Alegre uma estrutura
de distribuição de pães com a velha carrocinha, de tração animal, com pneus de
borracha para passar pela linha do bonde. Foi com o Gil, provavelmente, que eu
tive o primeiro contato com essa atividade. A partir desse momento, quando
comecei a me dedicar a esse assunto, verifiquei que aquilo que eu tinha
aprendido na teoria, na prática era muito mais amplo do que eu poderia
perceber.
Lembrei-me que ainda acadêmico ou vestibulando, eu li na geografia
econômica que, diversamente do que eu pensava, não era a indústria automobilística
a maior indústria brasileira, e sim a indústria da panificação, disseminada por
todo o território brasileiro, com as milhares de padarias, milhares de
panificadoras, diariamente empregando pessoas, diariamente produzindo, e
diariamente ensejando que todos nós tivéssemos o pão-nosso-de-cada-dia.
Hoje o Ver. Ervino Besson, proponente desta iniciativa, homem da
categoria, com a propriedade de quem conhece o segmento, fez algumas afirmações
que para alguns poderiam surpreender, mas que, evidentemente, não surpreendem a
todos nós, porque sabemos que a luta do panificador não é apenas uma luta
simbólica; é uma luta real, permanente e cotidiana. Não sei se hoje está mais
difícil nós ganharmos honestamente o pão-nosso-de-cada-dia com o suor do nosso
rosto ou se é mais difícil nós produzirmos esse pão que diariamente nós
consumimos, porque todos os panificadores, todos os envolvidos nessa tarefa,
estão com uma sobrecarga tributária enorme, com uma série de obstáculo, com
dificuldades e convenções de toda ordem, o que justifica, meu caro Ervino, esta
homenagem que hoje prestamos aos panificadores.
Eu deveria fazer outras afirmações, não o faço, permitindo-me
tão-somente buscar em uma síntese dizer que, se Cristo nos ensinou que era
preciso dividir o pão entre todos, é porque exatamente nesse milenar alimento está a gênese de toda
a sabedoria e a gênese da solidariedade. Eu sei, e todos proclamam, meu amigo
Cassiá Carpes ainda há pouco enfatizava essa unidade monolítica e de capital de
trabalho, que nessa atividade se expressa com tanto significado, e mais do que
isso, eu sei que se não tivesse todo
dia, na madrugada, um zeloso panificador, um velho dono de padaria acordando na
madrugada, empresando a atividade, essa não se realizaria.
A esses heróis que acordam cedo para que possamos todos os dias
contarmos com o pão-nosso-de-cada-dia, a homenagem do PFL, com respeito e com
carinho. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto apelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): A
Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, pela Bancada do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo nesta
oportunidade em nome da minha Bancada, o PMDB, composta pelos Vereadores: Luiz
Fernando Záchia, Sebastião Melo e por mim. Eu queria dizer que é muito
importante poder expressar, nesta oportunidade, o nosso pensamento.
Saudamos o Ver. Ervino Besson por essa iniciativa, porque, nesta Sessão
Solene, ele nos permite retomar a homenagem do 8 de julho, Dia do Panificador,
dando assim a possibilidade de refletirmos sobre o significado do alimento, do
pão, como símbolo de tantos ritos, e, assim, também relembrarmos um pouco da
nossa história, pois a história da humanidade é também a história do alimento.
Se a retomarmos através das pinturas rupestres dos homens pré-históricos, lá
estarão, entre os principais símbolos, o fogo e o alimento. Se pensarmos nos
egípcios, há cinco mil anos, vamos encontrá-los armazenando os grãos de trigo,
assim como os romanos, que eram exímios panificadores. Lá, a panificação,
considerada uma arte, liberava seus artífices do pagamento dos impostos, tão
diferente de hoje.
A história dos alimentos se confunde com a história da humanidade,
inclusive com a história da ciência, da tecnologia, das guerras e das
religiões. Outros Vereadores já recordaram outras passagens bíblicas, passagens
onde Jesus Cristo, demonstrando a sua fé, e para saciar a fome dos homens, fez
o milagre da multiplicação dos pães. Ou poderíamos lembrar ainda suas palavras,
quando falava aos apóstolos: “Tomai e comei todos vós. Este é meu corpo, que é
dado para aliviar os pecados do mundo.”
O sabor do pão e o seu perfume nos faz resgatar a nossa história, atiça
a nossa memória e nos faz retomar a infância. Ir à padaria era uma tarefa
infantil. Falar do pão nos lembra o café familiar da manhã, nos faz lembrar das
pessoas de que gostamos.
Eu também quero, nesta oportunidade, parabenizando o setor alimentício
da panificação do Rio Grande do Sul, dizer às senhoras e aos senhores, que aqui
estão presentes, que as suas eficiências, os seus compromissos, as suas
ousadias positivas não só nos colocaram em sintonia com as inovações
científicas e tecnológicas, não apenas porque vocês enriqueceram o produto
final, porque vocês, por intermédio das suas ações, trabalharam a auto-estima
das pessoas. Não apenas cresceu a auto-estima dos panificadores e de seus
familiares, dos técnicos em alimentação, dos nutricionistas, dos empresários ou dos padeiros, mas cresceu a
auto-estima dos gaúchos, porque hoje nós não sentimos mais inveja dos cafés e
das rôtisseries parisienses, hoje nós encontramos, com igual qualidade, os
pães nos restaurantes e nos cafés das ruas de Porto Alegre.
Lembro ainda mais uma passagem bíblica que permeou tantos discursos:
“Ganharás o pão com o suor do teu rosto”. As senhoras e senhores que estão aqui
presentes, literalmente, fazem isso, e nós sabemos que muitas das suas ações
solidárias, anônimas, parceiras em suas comunidades garantem que outras pessoas
possam usufruir o pão que vocês produzem. Os dados aqui apresentados de mais de
dez mil empregos acrescentam a nova parte da frase: “Ganharás o pão com o suor
do teu rosto”, mas vocês também contribuem para que outros tenham acesso ao pão
que vocês produzem.
Ver. Ervino Besson, sua iniciativa permitiu-nos uma aproximação entre o
setor produtivo, panificadores, e o setor político, aproximando também a nossa linguagem, produzindo assim
melhores frutos para todos. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): O
Sr. Arildo Benech Oliveira, Presidente do Sindicato das Indústrias de
Panificação, representante dos homenageados e dos panificadores, está com a
palavra.
O SR. ARILDO BENECH
OLIVEIRA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Meus colegas panificadores, seus familiares, meus companheiros de
diretoria que, hoje, aqui são quase cem por cento.
Havia preparado algumas palavras para fazer um discurso breve de
agradecimento. Peço desculpas, porque muitos dos Vereadores que usaram esta
tribuna deixaram-me emocionado. Comecei com o Ver. Ervino Besson, ouvindo o
dia-a-dia das padarias e, depois,
somaram-se tantos outros falando das coisas da panificação.
Lembrei-me do meu pai, porque foi falado, aqui, por várias vezes, sobre
a padaria como uma empresa familiar. Esta é uma característica fundamental das
padarias de todo o Brasil. O meu pai foi um grande panificador. Hoje, ele é
falecido, mas designou-me esta tarefa.
Desde menino, eu tinha um sonho, entendia que a nossa classe, a dos
panificadores, não era devidamente reconhecida por tudo que representavam na
sociedade e comecei a brigar por esse sonho. Comecei a fazer parte deste
sindicato em 1979. Passei a ter um aprendizado com os presidentes que me
antecederam. Também, lembrei, neste momento, do nosso saudoso Egberto de Barros
Barreto Júnior, que foi o primeiro Presidente... (Palmas.) O primeiro
Presidente que eu tive a honra de compartilhar momentos muito interessantes da
minha vida. Depois, o meu caro amigo e sempre Presidente, que hoje está aqui
presente, João Mayer Santiago, que é o baluarte da panificação porto-alegrense,
do qual eu tive a honra de, por nove anos, ser um dos seus Vice-Presidentes.
Esse aprendizado todo que tive nesses anos de vice–presidência, secretário,
tesoureiro e de andanças pelo Brasil como panificador, comecei aprimorar o meu
sonho. Em 1995, eu tive a oportunidade de, apoiado pelo meu amigo Santiago, ser
eleito Presidente deste sindicato junto com um grupo que hoje está presente e
começamos a colocar em prática os nossos sonhos. O maior sonho dessa diretoria,
naquele momento, era ter o reconhecimento dos panificadores. E nisso, o
Vereador Ervino Besson teve um trabalho importante: no seu trabalho
comunitário, no seu trabalho como Vereador e no seu trabalho de panificador.
Apesar de todos os momentos de crise que nós
vivemos durante este período, esta diretoria nunca fala em crise. Nós
usamos o provérbio chinês que diz que “a crise é sinônimo de oportunidade”. Eu sempre
digo em meus discursos: “risque o ‘s’ da crise e use o crie”. É isso que nós
temos feito.
Desenvolvemos nesse seis anos, e aqui me emocionei muito quando a Ver.ª
Clênia Maranhão falou sobre a modernização das padarias de Porto Alegre e do
Rio Grande do Sul, a qualidade dos nossos produtos, porque esse é, realmente, um
projeto nosso. Nós temos hoje, Senhores, o maior projeto de treinamento de qualificação do Brasil sendo
desenvolvido pela nossa associação nacional. Nós criamos o PROPAN que é um projeto de treinamento, de qualificação
do empresário e dos funcionários das padarias, que já está treinando hoje no
Brasil mais de mil padarias, só aqui em
Porto Alegre, somos cinqüenta sendo
treinados nessa qualificação e modernização do setor, junto com uma parceria
que há muitos anos nós sonhávamos, que era com o sindicato do trigo e, a partir
daí, nós temos trabalhado. Nós temos procurado os nossos sonhos. Somos pequenos
e microempresários, mas somos, só no Rio Grande do Sul, cinco mil e quinhentos
empresários da panificação. Somos responsáveis, aqui, neste Estado, por trinta
mil empregos diretos e responsáveis por um bilhão e seiscentos milhões, por
ano, de faturamento. Isso só já diz da importância desse setor econômico, mas
as padarias ainda têm um fardo muito maior a ser carregado que é a importância
de cada panificador, de cada padaria na comunidade que ela representa. O
panificador é o alicerce da comunidade, é onde as pessoas chegam para trocar o
cheque e, às vezes, até para levar um familiar ao hospital, ao médico. Agora,
junto com a Souza Cruz, estamos desenvolvendo um trabalho de responsabilidade
social nas padarias para poder aprimorar esse projeto, para poder, cada vez
mais, as pessoas saberem o que significa a panificação.
Dentro desse projeto, antes de encerrar, gostaria de homenagear, hoje,
aqui, um panificador que está-se destacando, que está dentro desse perfil da
melhoria. Ele não acredita em crise, acredita em trabalho, acredita em criação.
Eu quero convidar para receber a homenagem de “Panificador do Ano de Porto
Alegre” o Daniel Moreno Coelho, proprietário da Padaria, Mercearia e
Confeitaria Pão Gala Ltda., escolhido pelos nossos fornecedores. (Palmas.)
(Procede-se à entrega de uma medalha referente ao prêmio “Panificador
do Ano de Porto Alegre.)
E, para encerrar, Sr. Presidente, eu ouvi falar em sonho, orgulho,
carinho, amor, trabalho, auto-estima e continuo emocionado. Ver. Cassiá Carpes,
o sonho é a alma do panificador e o amor é o que nos dá oportunidade de todos
os dias, cada vez mais, trabalhar para podermos continuar essa jornada. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia):
Quero registrar também a presença, além dos Vereadores que se manifestaram, O
Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Pedro Américo Leal e o Ver. José Fortunati.
Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do
Hino Rio-Grandense, apresentado pelo Coral da Massolin de Fiori, regido pelo
Maestro Gil de Rocca Sales.
(Executa-se o Hino Rio-Grandense pelo Coral.)
Queremos cumprimentar o Ver. Ervino Besson pela iniciativa,
cumprimentamos a todos os panificadores e presentes. Muito obrigado.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.
(Encerra-se a Sessão às 20h19min.)
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